Tuesday, October 23, 2012

Pontes, cordais, saddles e timbre - Parte 2


FINALMENTE, estou tendo um pentelho de tempo pra postar novamente. Juro que eu adoro fazer isso aqui, mas ultimamente a coisa tem estado feia, mas vamos lá.

Continuando a saga das variações de timbre causadas por pontes e etc, talvez o post de hoje seja o que esse componente representa a maior variação tonal dente todos. Estou falando da mãe de todas as guitarras sólidas, criada no início dos anos 50, a Telecaster. Um dos meus passatempos preferidos tem sido a pesquisa de timbres da Fender. Strato e Tele tem tomado muito das minhas pesquisas sobre como o e da onde os timbres clássicos são gerados. A Telecaster é incrívelemnte versátil e pode gerar uma infinidade de timbres diferentes com as mais diversas aplicações que vão literalmente do Country ao Metal! A simplicidade da Tele talvez seja também sua maior complexidade. Da onde vem o Twang Clássico? Quais as variáveis? Madeiras do corpo e braço? Captadores? Tarrachas? Ponte? A resposta é.... TODAS AS ANTERIORES, mas hoje vamos nos atentar somente a importância da ponte nessa confusão toda.

Senta que la vem a história.....

Fazia muito tempo que eu brigava com a minha Tele. Desde que ouvi a tele do meu amigo Paulo May (Blog Guitarra99 que vc's conhecem bem) eu achava que a minha era estranha e não chegava nem perto do som que eu considerava ideal. Cheguei a dizer pro Paulo que ele nunca ia gostar de uma tele de Alder, pois não tinha nem de perto o timbre das Teles que ele estava montando.

Essa em questão, é uma Tele Mexicana ano 99 que que foram feitos os chanfros de corpo e apoio de braço de Strato e toda repintada num azul metálico que é característico das teles nos anos 60. Quando a comprei, era tudo o que eu queria, pois as quinas da tele me incomodam, e esse azul era uma das minhas cores preferidas. Ela tinha um par de Seymour Quarter Pounder para Tele que pensei, troco e pronto!

A realidade não foi bem assim. Experimentei de tudo nessa guitarra e ela só falava legal com Humbuckers Dual Blade na ponte. Testei os dois do Sergio, True Vintage e Vintage Hot, dois Seymour Duncan sendo um Antiquity 55 e um Vintage for Broadcaster, Fender Texas Specials e nada do Twang aparecer.

Depois de muita pesquisa, essa semana achei um artigo do mestre Bill Lawrence que dizia sobre os materiais das pontes de Tele e diferenciava-os em ferrosos e não ferrosos. Os ferrosos (onde o imã gruda) intereferem diretamente no campo magnético do captador de ponte, alterando a inductancia, aumentando a capacitância (mais metal) e portanto influindo diretamente no som do mesmo.

Juro que pensei Será? Vai ver é o mesmo efeito "sutil" das pontes de Strato com e sem bloco etc. Muda mas não drasticamente.

Pesquisando um pouco mais me deparei com o seguinte parágrafo do nosso querido Seymour W Duncan:

Using single-coil pickups in a ferrous bridge plate will expand the magnetic field from the pickup, giving the guitar a unique, classic sound.
Using the same pickup in the stainless steel plate will prevent the magnetic field from expanding, which gives the pickup a brighter, clearer tone.
Using the Joe Barden-style or any type of aftermarket rail pickup will not work as well when usig the traditional ferrous plate, because the plate attracts two opposite magnetic fields (North magnetic field and South magnetic field) and the combination interferes with the quality and efficiency of the pickup. Rail-type pickups work better using nonmagnetic stainless steel or brass plate.
I don't like using brass for a Telecaster bridge plate because it changes the tone. Check the material of the plate, since they are usually nickel, chrome, or gold-plated.
For a traditional Telecaster tone, make sure the plate is ferrous (a magnet will stick to it).


Ok, dois mestres dizendo eu tive que pagar pra ver.

Fiz o teste na minha Gotoh mondern com 6 Saddles e o Imã não grudou no plate, mas grudava nos saddles. Comclusão, material não ferroso no plate e saddles de Aço. No artigo o Bill Lawrence comenta que esse magnetismo da ponte vintage não é legal pra captadores humbucker tipo dual blade, e que um plate não ferros é mais apropriado pra esse tipo de pickup. Não é a toa que ela falava bem com humbuckers....

Artigo do Bill Lawrence

Fui atrás de uma ponte vintage, saddles de Latão. Exatamente ao contrário do que eu tinha na minha. Achei uma Wilkinson by Gotoh Vintage. Fiz o teste e positivo, o Imã grudou no plate. Coloquei o True Vintage Sergio Rosar, e gravei aquela primeira leva de samples.


Clean:

Crunch:




Instalei a ponte vintage , com o mesmo True Vintage Sergio Rosar, afinei e com duas notas eu havia achado o timbre. Os médios que eu tanto queria estavam lá. O DNA da guitarra estava alterado, tanto que gravei o segundo set de samples pra ter certeza que a mudança tinha mesmo sido tudo aquilo, e não só eu percebi como todos que ouviram perceberam as mudanças! 


Clean:
Crunch:




A variável da equação que eu não estava considerando era justamente a que faltava pro timbre que eu estava procurando. 


Conclusão, agora minha tele estava soando como eu sempre quis que ela soasse. Ficou um meio termo entre uma Country Twanger e rispidez agressiva de uma tele rocker!


Resumão de ponte de Tele:

Plate:
Aço Ferroso (Imã gruda): Twang Clássico, ataque com característica mais "Tóin", com agudos mais redondos devido a interação do magento do captador com a ponte que aumenta sua inductância. Ótimo para se obter os timbres clássicos do Twang Country. Jerry Donahue é um ótimo exemplo dessa sonoridade. 

Latão: Timbre mais seco e ataque mais preciso e sem interação magnética. Ótimo pra sons com maior dose de ganho e uso de captadores mais fortes como humbuckers por exemplo. As Fenders American Std todas vem com esse plate de latão e Keith Richards usa-a até hoje em todas as suas Teles! 

Saddles:
Latão: Ataque mais preciso e sequinho, com tendência de segurar agudos. Junto com o plate de Aço, faz a combinação clássica da Tele 52 amarelinha. 

Aço: Introduzido em meados dos anos 60, produz um som com mais conteudo de agudos e mais PUNCH, sendo novamente ótimo para sons com drive pela maior definição sonora. Novamente é a escolha da Fender para a American Standard, numa concepção mais moderna dos sons de tele!


É realmente incrível e fascinante como de novo um pouco de pesquisa e informação conseguem transformar
uma guitarra normal e um ótimo instrumento!!